A morte do Guarda Danilo
Nesses dias difíceis o Guarda Danilo nos deixou uma lição imortal do que somos ou devíamos ser.
Diante de um assalto, fora do serviço, salvou com a própria vida uma vítima desconhecida num gesto de emocionante coragem.
Essa atitute nobre e rara que o torna o herói dos nossos dias, em meio a tanto desalento, nos revela a verdadeira natureza dos homens de bem da nossa terra, capazes da extrema renúncia da própria vida em defesa do próximo.
Nessa cena dantesca podemos olhar a mão de sangue do assassino e lamentar. Prefiro olhar o guarda Danilo subindo as escadas do Panteon dos Heróis da Pátria e me orgulhar da lição de vida que nos deu.
Talvez não sejamos todos chamados por Deus para dar em um segundo a vida pelo nosso próximo, mas certamente somos chamados a dar cada segundo da vida pelo outro.
No velório, a jovem esposa nos disse convicta: ele faria de novo, mesmo sabendo da morte. Mais não se podia dizer em testemunho do caráter desse homem simples que ofertou-se a si mesmo para nos deixar um legado. O menino Carlos Eduardo, de 14 anos, e seu irmão, Luis Vinicius, de quatro anos, estão muito perto das fontes da vida para compreender a morte. Não o terão amanhã. Não o terão nunca mais. O pai amigo, presente e companheiro, exímio adestrador de cães, não os ajudará na lição da escola, a jogar bola a ver um filme na televisão.
Mas sua bravura e exemplo permanecerão para sempre.
Pensei em dar seu nome ao Grupamento de Treinamento de Cães da Guarda Municipal, mas acho que ficará melhor em uma escola.
O Guarda Danilo é nosso herói e grande professor. Com sua morte nos ensinou que não somos a violência nem a corrupção.
Nós somos o Rio de Janeiro da bravura dos nobres que odeiam a violência e a injustiça e morrem pela causa da Paz.
Homenagem póstuma ao Guarda Danilo Gonçalves dos Santos Falecido em 4 de maio de 2017. Assassinado ao salvar uma vítima.
Marcelo Crivella é prefeito do Rio de Janeiro